GESTAÇÃO DE RISCO / DOENÇAS - PATOLOGIAS (Parte 1)

A gestação não é doença, mas um fenômeno fisiológico que acontece no corpo da mulher inserida em um contexto sociocultural, pautado pela desigualdade de gênero que determina menor poder de decisão às mulheres.

CONCEITO DE GESTAÇÃO DE ALTO RISCO:
"Aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada".

Normalmente, a evolução da gravidez ocorre sem intercorrências. Uma grande parte tem seu  resultado favorável, a mulher durante a gravidez pode sofrer alguns sintomas ou problemas físicos desagradáveis e esse período requer adaptações, tanto físicas quanto psicológicas.

Entretanto, há uma parcela de gestantes que, por apresentarem determinadas características ou sofrerem de alguma doença, tem maior probabilidade de uma evolução desfavorável, quer para o feto, quer para a mãe. Essa parcela é a que constitui o grupo denominado de gestantes de alto risco.

Uma gravidez é considerada de alto risco na presença de algum fator de risco materno ou fetal que afetará adversamente seu resultado. Compreende uma série bastante ampla de condições clínicas que complicam a gestação consideradas como risco real ou, ainda, condições pré-existentes capazes de, em algum momento, tornarem-se danosas para a evolução saudável da gestação, constituindo um risco potencial.
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Segundo o Ministério da Saúde, as principais doenças clínicas e/ou obstétricas são:
       
Síndromes hipertensivas da gravidez:

-PRÉ-ECLÂMPSIA: caracteriza-se por TRÍADE clássica- edema (exame físico); hipertensão (exame físico) e proteinúria (exame laboratorial).
APARECIMENTO DA PRÉ-ECLÂMPSIA:
Nas formas leve ou grave:
  • Após a 20 ª semana de gestação em mulheres previamente normotensas ou sem proteinúria.
  • Normalização no puerpério;
  • Aumento da pressão arterial diastólica a 90 mmHg ou mais;
  • Aumento da pressão sistólica acima de 150 mmHg do valor conhecido previamente;
  • Presença de 300 mg ou mais de proteínas em urina de 24 horas.        

-ECLÂMPSIA: caracteriza-se por: Sinais e sintomas da pré-eclâmpsia, convulsão e coma. Iminência de eclâmpsia corresponde ao quadro de pré-eclâmpsia grave, caracterizado clinicamente por sinais de encefalopatia hipertensiva. Eclâmpsia é o aparecimento de convulsões seguidas ou não de coma, não atribuíveis a outras causas, em paciente com pré-eclâmpsia.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM - Doença Hipertensiva Específica da Gestação
A conduta clínica na eclâmpsia visa o tratamento das convulsões, da hipertensão, dos distúrbios metabólicos e cuidados assistenciais:
  • Garantir oxigenação materna (dependendo a gravidade cateter, máscara de venturi, ventilação mecânica);
  • Minimizar o risco de aspiração;
  • A maioria das convulsões duram entre 60 e 90 segundos;
  • Seguir prescrição de enfermagem criteriosa;
  • Observação contínua da paciente em UTI;
  • Realizar balanço hídrico parcial e total.
A evolução da pré-eclâmpsia e eclâmpsia é a "SÍNDROME DE HELLP" que é uma complicação obstétrica com risco de morte materna, sendo considerada uma variação grave destas duas doenças.
A maioria das mulheres afetadas desenvolve HELLP no terceiro trimestre gestacional.
"HELLP" significa os três principais elementos da síndrome:
(H) hemólise (destruição dos glóbulos vermelhos);
(EL) enzimas hepáticas elevadas
(LP) baixa contagem de plaquetas

A síndrome pode levar a insuficiência cardíaca e pulmonar, hemorragia interna, acidente vascular cerebral e outras complicações graves na mãe;
Também pode levar a placenta a se descolar prematuramente da parede uterina que pode resultar em morte fetal;
Aproximadamente 2% das mulheres com a síndrome de HELLP e 8% dos bebês morrem em decorrência da síndrome.
TRATAMENTO DA HELLP:

  • Realizar o parto o mais rápido possível. Pode-se induzir o trabalho de parto (com ou sem o uso de agentes de amadurecimento cervical) ou programar uma cesariana antecipada.
  • Se a gestação for menor de 32 semanas e os sintomas não forem severos, o médico pode optar por uma abordagem conservadora, repouso absoluto, ingestão de líquidos e monitorização cuidadosa;
  • Pode-se administrar medicamentos para controlar ou prevenir complicações como pressão sanguínea alta ou convulsões;
  • Se a anemia ou os problemas de sangramento forem severos, é necessário a administração de transfusão sanguínea;
  • Pode-se usar corticosteroides para ajudar no amadurecimento dos pulmões do bebê, preparando-o para o parto prematuro.
Síndromes hemorrágicas:



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Hemorragias da primeira metade da gravidez:
  • Abortamento, Gravidez ectópica e  Mola hidatiforme:
-ABORTAMENTO

-GRAVIDEZ ECTÓPICA

-MOLA HIDATIFORME

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Hemorragias da segunda metade da gravidez:
-PLACENTA PRÉVIA

-DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA


-ROTURA UTERINA
É uma rara, porém catastrófica complicação obstétrica com taxas elevadas de morbidade e de mortalidade materna e perinatal. 

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Desvios do crescimento fetal

-CRESCIMENTO INTRAUTERINO RESTRITO
Muitas vezes os recém-nascidos Pequenos para Idade Gestacional (PIG) são confundidos com recém-nascidos que sofreram restrição ao crescimento intrauterino. Estima-se que entre 3 a 10% das crianças apresentam restrição de crescimento.
Geralmente o peso ao nascer é menor que o percentil de desenvolvimento 10º.
A restrição do crescimento fetal está associada ao aumento da mortalidade e da morbidade. Ocorre aumento da perda fetal, de asfixia ao nascer, de aspiração de mecônio, da hipoglicemia e hipotermia neonatal, bem como da prevalência de desenvolvimento neurológico anormal.
Este fato pode ocorrer por diversos fatores, desde placentários, fatores ambientais, nutrição, congênitos, cromossômicos ou constitucionais maternos. 
Resultado de imagem para crescimento intrauterino restrito
-MACROSSOMIA FETAL

É um termo utilizado para descrever fetos/neonatos excessivamente grandes. O peso ao nascer que excede o 90º percentil para uma determinada idade gestacional é utilizado como limite para a macrossomia. Por exemplo, o peso limite ao nascer com 39 semanas seria de aproximadamente 4.500 g (97º percentil) em vez de 4.000 g (90º percentil). O peso superior a 4.000 g é um limite utilizado com bastante frequência. Um dos fatores de risco para macrossomia fetal é o Diabetes materno. 
Imagem relacionada
Comparativo de recém-nascidos com peso adequado para idade gestacional e outro Macrossômico.
Resultado de imagem para grafico de percentil de desenvolvimento

Continua... (Parte 2)

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