PUERPÉRIO
PUERPÉRIO
"Período de 6 a 8 semanas pós-parto durante o qual o corpo retorna ao estado pré-gravidez"
A atenção à mulher e ao recém-nascido (RN) no pós-parto imediato e nas primeiras semanas após o parto é fundamental para a saúde materna e neonatal. Esse atendimento deve ser o mais criterioso possível no âmbito hospitalar e na avaliação posterior, na unidade de saúde.
Recomenda-se uma visita domiciliar na 1ª semana após a alta do bebê. Caso o RN tenha sido classificado como de risco, essa visita deverá acontecer nos primeiros 3 dias após a alta. O retorno da mulher e do recém-nascido ao serviço de saúde, de 7 a 10 dias após o parto, deve ser incentivado desde o pré-natal, na maternidade e pelos agentes comunitários de saúde, técnicos em enfermagem e enfermeiros na visita domiciliar.
Objetivos:
• Avaliar o estado de saúde da mulher e do recém-nascido.
• Orientar e apoiar a família para a amamentação.
• Orientar os cuidados básicos com o recém-nascido.
• Avaliar a interação da mãe com o recém-nascido.
• Identificar situações de risco ou intercorrências e conduzi-las.
• Orientar o planejamento familiar
Uma vez que boa parte das situações de morbidade e mortalidade materna e neonatal acontece na 1ª semana após o parto, o retorno da mulher e do recém-nascido ao serviço de saúde deve acontecer logo nesse período. Os profissionais e os serviços devem estar atentos e preparados para aproveitar a oportunidade de contato com a mulher e o recém-nascido na 1ª semana após o parto.
Atenção à puérpera
Na anamnese, verificar o cartão da gestante e o resumo de alta hospitalar e/ou perguntar à mulher sobre:
• Condições da gestação;
• Condições do atendimento ao parto e ao recém-nascido;
• Dados do parto (data, tipo de parto, se cesárea, qual a indicação);
• Se houve alguma intercorrência na gestação, no parto ou no pós-parto (febre, hemorragia, hipertensão, diabetes, convulsões, sensibilização Rh);
• Se recebeu aconselhamento e realizou testagem para sífilis ou HIV durante a gestação e/ou parto;
• Uso de medicamentos (ferro, ácido fólico, outros).
Perguntar como se sente e indagar sobre:
• Aleitamento – frequência das mamadas (dia e noite), dificuldades na amamentação, satisfação do RN com as mamadas, condições das mamas;
• Alimentação, sono, atividades;
• Dor, fluxo vaginal, sangramento, queixas urinárias, febre;
• Planejamento familiar – desejo de ter mais filhos, desejo de usar método contraceptivo, métodos já utilizados, método de preferência, valorizando a consulta pré-concepcional e desestimulando intervalo inter gestacional inferior a 6 meses;
• Condições psicoemocionais – estado de humor, preocupações, desânimo, fadiga, entre outros, estando alerta para quadros de depressão ou de blues puerperal;
• Condições sociais (pessoas de apoio, enxoval do bebê, condições para atendimento a necessidades básicas).
Avaliação clínico-ginecológica:
• Verificar dados vitais.
• Avaliar o estado psíquico da mulher.
• Observar estado geral – pele, mucosas, presença de edema, cicatriz (parto normal com episiotomia ou laceração/cesárea) e membros inferiores.
• Examinar mamas, verificando a presença de ingurgitamento, sinais inflamatórios, infecciosos ou cicatrizes que dificultem a amamentação.
• Examinar abdômen, verificando a condição do útero e se há dor à palpação.
• Examinar períneo e genitais externos (verificar sinais de infecção, presença e características de lóquios).
• Verificar possíveis intercorrências – alterações emocionais, hipertensão, febre, dor em baixo-ventre ou nas mamas, presença de corrimento com odor fétido, sangramentos intensos. No caso de detecção de alguma dessas alterações, solicitar avaliação médica imediata.
• Observar formação do vínculo entre mãe e filho.
• Observar e avaliar a mamada para garantia do adequado posicionamento e pega da aréola. O posicionamento errado do bebê, além de dificultar a sucção, comprometendo a quantidade de leite ingerido, é uma das causas mais frequentes de problemas nos mamilos. Em caso de ingurgitamento mamário, mais comum entre o 3º e o 5º dia pós-parto, orientar quanto à ordenha manual, armazenamento e doação do leite excedente a um Banco de Leite Humano (caso haja na região).
• Identificar problemas/necessidades da mulher e do recém-nascido, com base na avaliação realizada.
Assistência ao recém-nascido na primeira consulta:
• Verificar a existência da Caderneta de Saúde da Criança e, caso não haja, providenciar abertura imediata.
• Verificar se a Caderneta de Saúde da Criança está preenchida com os dados da maternidade. Caso não esteja, verificar se há alguma informação sobre o peso, comprimento, índice de Apgar, idade gestacional e condições de vitalidade.
• Verificar as condições de alta da mulher e do RN.
• Observar e orientar a mamada, reforçando as orientações dadas durante o pré- natal e na maternidade, com destaque para a necessidade de aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida do bebê, não havendo necessidade de oferecer água, chá, ou qualquer outro alimento. Observar e avaliar a mamada para garantir o adequado posicionamento e pega da aréola.
• Observar a criança no geral – peso, postura, atividade espontânea, padrão respiratório, estado de hidratação, eliminações e aleitamento materno, características da pele (presença de palidez, icterícia e cianose), crânio, orelhas, olhos, nariz, boca, pescoço, tórax, abdômen (condições do coto umbilical), genitália, extremidades e coluna vertebral. Caso seja detectada alguma alteração, solicitar avaliação médica imediatamente.
Ainda no acompanhamento puerperal:
• Verificar o resultado do teste do pezinho e registrá-lo na Caderneta de Saúde da Criança.
• Verificar se foram aplicadas, na maternidade, as vacinas BCG e de hepatite B. Caso não tenham sido, aplicá-las na unidade e registrá-las no prontuário e na Caderneta de Saúde da Criança.
• Agendar as próximas consultas de acordo com o calendário previsto para seguimento da criança: 2º; 4º; 6º; 9º; 12º; 18º e 24º mês de vida.
Ações necessárias na consulta puerperal:
• Escutar a mulher, verificando como se sente, suas possíveis queixas e esclarecendo dúvidas.
• Realizar avaliação clínico-ginecológica, incluindo exame das mamas.
• Avaliar o aleitamento.
• Orientar sobre: – higiene, alimentação, atividades físicas; – atividade sexual, informando sobre prevenção de DST/Aids; – cuidado com as mamas, reforçando a orientação sobre o aleitamento (e considerando a situação das mulheres que não puderem amamentar); – cuidados com o recém-nascido; – direitos da mulher (direitos reprodutivos, sociais e trabalhistas); – expectativas reprodutivas, considerando a evolução da gestação e eventuais complicações associadas.
• Orientar sobre planejamento familiar e uso de método contraceptivo, se for o caso: – informação geral sobre os métodos que podem ser utilizados no pós-parto; – disponibilização do método escolhido pela mulher com instruções para seu uso e para o seguimento.
Referências:
http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/destaques/atencao-a-gestante-e-a-puerpera-no-sus-sp/manual-tecnico-do-pre-natal-e-puerperio/manual_tecnicoii.pdf
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/4224.pdf
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